terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BUSCANDO
ANO 01 – Nº 326

Mesmo que a gente armazene todos os números de telefones na agenda do celular, quando trocamos de aparelho, sempre algum número acaba se perdendo. A gente pensa que estava salvo no chip, mas só havíamos registrado na memória do aparelho. Foi isso que aconteceu com o telefone de um amigo que, por conta das muitas curvas da vida, acabamos perdendo o contato.

O meio contemporâneo de encontrar alguém é procurar na internet. Acontece que esse amigo possui um nome comum. Nas redes sociais ele não tem perfil. As tele-listas online apresentam números que não lhe pertencem mais. Assim, nossa procura de ontem, no que se referia ao objeto, foi infrutífera, mas descobrimos uma foto do seu netinho e apreciamos como ele cresceu.

O ato de procurar se tornou cada vez mais frequente, na atualidade. Procuramos pela internet nas redes sociais, nos blogs, nas listas, no Google etc. Entretanto, embora as ferramentas tenham se atualizado ultimamente, o ato de procurar continua sendo, como antigamente, uma aventura baseada em hipóteses. Partimos de pressupostos, escolhemos um método e lançamos nossas questões como se fossem iscas na ponta de uma linha.

É bem verdade que nem sempre encontramos o que buscamos, ou porque não conseguimos os métodos adequados ou porque o que procuramos simplesmente não existe. Entretanto, como diziam os antigos, quem procura acha! Mesmo que a gente não encontre o que procurava, acaba encontrando alguma coisa significativa. Parece que o equívoco é não procurar, pois quando perdemos a capacidade de ser curiosos, perdemos a melhor parte da nossa vida. Grandes descobertas aconteceram exatamente porque as buscas foram infrutíferas, no que se referia ao objeto da busca, mas revelaram descobertas importantes que não eram parte do objetivo principal.

Procurar, ou pesquisar, faz parte do refletir humano sobre o seu meio e impulsiona o ser humano no desenvolvimento civilizatório.

Com os votos de uma ótima terça-feira!
DESTAQUE DO DIA

Dia da Solidariedade

Conforme o Dicionário Houaiss, a palavra "solidariedade" significa: "cooperação ou assistência moral que se manifesta ou testemunha a alguém, em quaisquer circunstâncias (boas ou más)".

Muitas vezes a solidariedade é confundida com a caridade. Esta é um sentimento de piedade que nos leva a poupar ou proteger um ser humano que padece de algum mal ou está em situação lastimável. Já aquela tem um sentido mais complexo. De acordo com o citado dicionário, é solidário quem manifesta esse sentimento "como intuito de confortar, consolar, oferecer ajuda".

Não se ensina a solidariedade com palavras, pois o sentimento de nascer do íntimo de cada pessoa. Para ser autêntica, tem de partir da vontade real da pessoa de ser útil a seu semelhante e à sociedade.
Desde a Pré-História, o ser humano entendeu a necessidade da solidariedade, sem a qual não poderia viver. Os homens das cavernas caçavam juntos e dividiam as tarefas do cotidiano para garantir a sobrevivência em uma época em que tudo era um grande desafio.

Com o passar do tempo, a população mundial foi crescendo e necessitou de uma nova organização para que pudesse funcionar. Assim, surgiu a figura do Estado, que centralizava o poder de gerenciamento para o bem comum. Essa centralização, porém, aos poucos se tornou obsoleta para a população da terra, e o Estado já não era suficiente para suprir toda essa demanda. Dessa maneira, foram criadas organizações não-governamentais (ONGs) sem fins lucrativos, com a função de ajudar o Estado a cumprir suas metas. A solidariedade patrocinada por essas ONGs tem sido um importante auxílio às pessoas carentes.[1]


[1] DIA DA SOLIDARIEDADE. Disponível em http://www.paulinas.org.br/diafeliz/dataCom.aspx?Dia=31&Mes=1&DataComID=328. Acesso em 31 jan 2012.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

FOI ELA
ANO 01 – Nº 325

A calçada estava interrompida por causa de uma construção que avançara sobre o passeio público. O construtor fez uma demarcação, utilizando meia faixa da rua para que os pedestres pudessem transitar. Entretanto, um cidadão arvorou-se no direito de arredar os cavaletes de demarcação e estacionar seu veículo junto a construção, forçando os pedestres a se arriscarem, pelo leito da rua, para continuarem sua caminhada.

Quando passei pelo cidadão fiz uma observação: “esse espaço é para os pedestres!”. Sabe qual foi a resposta que recebi: “você devia reclamar era para o construtor!”.

Já comentei diversas vezes aqui nesse blog, como as pessoas têm a mania de privatizar o espaço público. Mas não é esse o tema da postagem de hoje. O que me chamou a atenção, mais uma vez, foi o antigo mito bíblico da criação. Recordei-me de uma passagem na qual Deus questiona Adão sobre a transgressão que cometera a uma ordem sua. Para se defender, Adão lhe responde: “a mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.” (Gn 3.12).

Se há uma expressão que escutamos diariamente é aquela que cada pessoa confessa assumir todas as suas responsabilidades. No discurso sobre si mesmo, todos são absolutamente perfeitos. Basta uma observação sobre os equívocos que comete e lá vem a bendita ‘justificativa’: foi ela! No mito bíblico, a culpada é a mulher. A narrativa que reflete o machismo do editor é própria para a sua época, mas a justificativa de sempre sai da boca de homens e de mulheres.

Não suportamos perceber nossa imagem desfigurada no espelho do existir. Não suportamos quando nos contemplamos em qualquer espelho. Pior que isso, não admitimos quando as observações sobre as nossas falhas partem de outra pessoa. Com a velocidade da luz, encontramos uma justificativa, mesmo que torta, mas plausível para acalmar nossa auto-imagem mental. Possivelmente, o mito de Adão tenha sido construído por volta do nono século antes de Cristo, mas já naquela época, o escritor bíblico havia observado essa característica humana que transita em todas as culturas.

Entretanto, gostaria de deixar bem claro que eu assumo todas as minhas responsabilidades. Caso esse texto tenha algum erro de redação foi por culpa da minha professora de português.

Com os votos de uma boa segunda-feira!

DESTAQUE DO DIA

Dia do Pajador

Pajada ou Payada é uma forma de poesia improvisada vigente na Argentina, no Uruguai, no sul do Brasil e no Chile (onde chama-se Paya). É uma forma de repente em estrofes de 10 versos, de redondilha maior e rima ABBAACCDDC, com o acompanhamento de violão. A pajada remonta os romances e quadras medievais e renascentistas, trazidos pelos povoadores europeus e adaptadas às temáticas campeiras. A Pajada está presente no sul da América desde quando as fronteiras eram imprecisas, o que impossibilita dar uma nacionalidade ao gênero artístico. No sul do Brasil, as pajadas são cantadas em versos em Décima Espinela, no estilo recitado com acompanhamento musical de um músico de apoio, normalmente em milonga. Em 30 de janeiro é comemorado, no Rio Grande do Sul, o Dia do Pajador Gaúcho. A data reconhecida por lei no Rio Grande do Sul, presta homenagem a um dos mais renomados pajadores do Estado: Jayme Caetano Braun, que nasceu nesta data. Ele é considerado o patrono do Movimento Pajadoril, surgido a partir do ano de 2001, com a vigência da Lei 11.676/2001 que cria o Dia do Pajador Gaúcho no Rio Grande do Sul.[1]
Nossa homenagem a todos os pajadores(as)!


[1] PAJADA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Pajador. Acesso em 30 jan 2012.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O JÚBILO
ANO 01 – Nº 324

Quando Israel foi deportado pelo rei Nabucodonosor em 597 a.C. (2Rs 24.13-14), a sensação de desastre foi enorme. Toda a fé dos judeus se alicerçava em que Jerusalém era uma cidade sagrada e ninguém colocaria suas mãos sobre ela.

A maneira violenta com que Nabucodonosor agiu contra a cidade provocou uma profunda tristeza em todo o povo. Na segunda deportação, acontecida dez anos mais tarde, os atos do rei foram mais cruéis ainda, matando os filhos do rei de Israel e furando-lhes os olhos. A descrença se abateu sobre o povo de tal sorte que não conseguiam acreditar no que estavam assistindo. Uma parte da cidade foi deportada para a Babilônia. Outros fugiram para o Egito e a maior parte permaneceu em Israel.

Os profetas começaram, então, um trabalho de reconstrução da fé, agora não mais baseada na escolha de Israel como povo especial de Deus, mas a partir da mudança de atitude, de um coração convertido, da prática da justiça e do amor.
Não há muitas informações sobre este período, mas através da mensagem dos profetas Ezequiel e Jeremias podemos deduzir que aos poucos o povo foi recobrando a antiga fé no Deus Eterno, o Deus de Abraão, Isac, Jacó.

Quarenta e nove anos depois, Deus respondeu inequivocamente às orações do povo, usando um rei pagão, Ciro da Pérsia, para mostrar a sua glória. Libertou o povo que regressando a Jerusalém reconstruiu o Templo. Foi um tempo de júbilo e de alegria. O povo voltou a cantar feliz e a reconhecer que Javé era um Deus de verdade, não era de pedra e nem de pau, mas de amor, justiça e paz!

Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles. (Sl 126.1-2)


DESTAQUE DO DIA

Morte de José do Patrocínio (107 anos)

José Carlos do Patrocínio nasceu em Campos dos Goytacazes a 9 de outubro de 1853 e morreu no Rio de Janeiro a 29 de janeiro de 1905. Foi um farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro. Destacou-se como uma das figuras mais importantes dos movimentos Abolicionista e Republicano no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formado por negros e ex-escravos para defender a monarquia e o regime imperial. Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro de reputação na Capela Imperial, com Justina do Espírito Santo, uma jovem escrava Mina de quinze anos, cedida ao serviço do cônego por D. Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, proprietária da região. Embora sem reconhecer a paternidade, o religioso encaminhou o menino para a sua fazenda na Lagoa de Cima, onde José do Patrocínio passou a infância como liberto, porém convivendo com os escravos e com os rígidos castigos que lhes eram impostos. Aos catorze anos de idade, tendo completado a sua educação primária, pediu, e obteve ao pai, autorização para ir para o Rio de Janeiro. Encontrou trabalho como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia (1868), empregando-se posteriormente na casa de saúde do doutor Batista Santos. Atraído pelo combate à doença, retomou, às próprias expensas, os estudos no externato de João Pedro de Aquino, prestando os exames preparatórios para o curso de farmácia.[1]



[1] JOSÉ DO PATROCÍNIO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_do_Patroc%C3%ADnio#Pseud.C3.B4nimos. Acesso em 28 jan 2012.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A RETRO-SAUDADE

ANO 01 – Nº 323

A tarde se foi de mansinho,
devagarzinho,
como se vão todas as tardes
que a gente não quer que se vão!

Se foi, se foi
se foi indo, indo
com aquela sensação
de que não queria ir-se!

Mas se foi assim mesmo,
deixando no ar
vários gostos estranhos,
que não se pode entender!

O gosto de que se foi,
sem ainda ter-se ido
um gosto estendido,
ruim de se sentir!

É o gosto amargo
de sentir saudade
de que ainda não partiu,
mas já disse que irá partir!

É um gosto dolorido,
sentido, ressentido,
entristecido, antecedido.
É a retro-saudade!

É sentir a falta,
de quem não faltou ainda,
na presença dos meus dias,
mas que irá faltar logo!

É sentir a ausência,
de quem ainda não viajou,
mas que a passagem já comprou
e só espera o ônibus chegar!

A retro-saudade,
é a antecipação da saudade,
que já sinto agora,
antes mesmo, que chegue a hora![1]

DESTAQUE DO DIA

Dia de Tomás de Aquino

Tomás de Aquino OP nasceu em Roccasecca em 1225 e morreu em Fossanova a 7 de março 1274. Foi um sacerdote dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da filosofia escolástica, proclamado santo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Cristã. Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Em suas duas summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Summa theologiae e a Summa contra gentiles. A partir dele, a Igreja tem uma Teologia fundada na revelação e uma Filosofia baseada no exercício da razão humana, que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem. Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia. Deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.[2]


[1] A propósito do retorno do filho e nora.
[2] TOMÁS DE AQUINO. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Tom%C3%A1s_de_Aquino#Filosofia. Acesso em 28 jan 2012.